O Nióbio já faz muito por Minas Gerais. Não há a menor necessidade de sobretaxá-lo. A medida somente contribuirá para criar demandas e polêmicas e não vai melhorar sensivelmente a arrecadação e o pagamento de dívidas por parte do governo mineiro. Se é para mexer com quem está quieto, que se criem incentivos fiscais para que indústrias secundárias e terciárias que produzem a partir do nióbio venham para Minas, para que possamos abandonar de vez nosso passado de economia meramente extrativista. Assim, ao invés de simplesmente ceder o nióbio usado na fabricação de carros, aviões e celulares, poderíamos abrigar indústrias que produzam estas tecnologias – aí sim gerando mais arrecadação. Na verdade, usar o Nióbio para sair do buraco financeiro é mexer com um setor que nunca deu trabalho, nunca deu problema e sempre deu certo. E não se mexe em time que está ganhando. Querem ver Minas sair do atoleiro? Vendam-se a Cemig, a Copasa e a Codemig. Este deve ser o foco. O nosso bom governador deve evitar dispersar suas prioridades e atentar para estes gigantes de pés de barro que cresceram demais para caber nas contas do Estado.
Trump é confiável?
Donald Trump enfatizou em seu discurso de posse: “America´s first”. Estados Unidos em primeiro lugar, pra ele. Claro, não está errado, é o Presidente americano, não iria se preocupar primeiro com a Etiópia ou com o Mico Leão Dourado, não é mesmo? Bolsonaro também deve se preocupar primeiro com o Brasil, Putin primeiro com a Rússia, e por aí vai… Trump pode ter boas relações com Jair Bolsonaro, mas não vai deixar de cumprir seus deveres inerentes ao cargo – e já foi duro conosco outras vezes: nos preteriu no OCDE, o clube dos países ricos, e sobretaxou nosso Etanol antes de fazê-lo também com o alumínio e o aço, como agora. Ele está certíssimo. Pra ele, America´s first. As pessoas têm que entender que acabou o tempo em que governantes emprestavam dinheiro por simpatia a países amigos por proximidade ideológica, que perdiam dinheiro público em aventuras para apaniguados e colegas de guerrilha. O interesse público republicano deve falar mais alto sempre. Isso é patriotismo. Não é fazer estardalhaço, carreata, distribuir pão com mortadela para os pobres. É fazer o trivial. Só fazendo o trivial, sem bandidos no poder, sem réus no governo do Estado ou na presidência da república, sem qualquer milagre ou mudança radical, já estamos melhorando. Um pouquinho ainda, é verdade, mas já está melhor do que era. É um começo.
Magistrado e Escritor