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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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A inevitabilidade da morte

ENTRETANTO

Em tempos de Covid acho importantíssimo tentar trabalhar a ideia da inevitabilidade da morte com meu filho mais velho, no auge da adolescência. Procuro explicar que o natural na maturidade é enterrar amigos. Ou choramos por eles, ou eles choram por nós. Eis que perdemos dolorosamente um grande amigo: José Gaudêncio era dos mais fieis, um coração enorme, que entrou definitivamente para a família Zupo tão logo nos conhecemos e seguirá vivo em meu coração para o resto dos nossos dias. Com a perda, perdemos o chão e eu perco o fio da meada com o meu filho: como nos acostumar com algo tão doloroso e que paira sobre a existência como um destino cruel? Nós modernos nos desacostumamos com a morte porque a vida nunca antes foi tão boa e porque estamos vivendo muito. Trezentos anos atrás camponeses morriam naturalmente antes dos trinta anos, na época de Cristo poucos chegavam vivos aos cinquenta e, hoje, chego eu a esta idade sem qualquer doença grave no percurso, o que (é natural) nos faz amar mais a vida e temer mais ainda perde-la. Por isso suportamos despreparados a uma pandemia que nos esfrega na cara realidades hoje insuportáveis, as de que somos mortais e que morrer é tão natural quanto nascer.

Lava Jato: o fim?
Quem me acompanha cá neste canto de troca de ideias, e graças a Deus hoje são muitos, sabe que sempre apregoei o fim da Lava Jato como um acontecimento tão bom quanto sua deflagração. Processos (e inquéritos) devem ter fim! A insegurança jurídica que decorre de procedimentos infindáveis como a Lava Jato atrasa o percurso da história e prejudica a economia e a governabilidade. Não há mais ninguém seguro em Brasília, não porque toda a classe política tenha “rabo preso”, mas porque investigações policiais lidam com a prova indiciária, que é a mais perigosa de todas. Com o indício se vai a qualquer parte, se torna o redondo quadrado, se tiram do contexto informações, se criam teorias da conspiração, constroem-se e desconstroem-se reputações. Sem contar que uma coisa é dizer não à impunidade combatendo corruptos, outro tanto bem diferente é promover uma caça às bruxas que denigre a reputação do país lá fora. Não se está cessando o combate à corrupção com o fim da Lava Jato, se está racionalizando e colocando dentro da gaveta certa da prioridade adequada a este mesmo combate. Sempre se fala no dinheiro público que a Lava Jato recuperou. Nunca do que ela gasta. Falam-se dos políticos que ela condenou, nunca daqueles que foram absolvidos de suas entranhas – a Lava jato, como se dizia antigamente, ajudou a vender jornal por muito tempo. Basta.

O Petróleo é nosso?
Economias globais sustentam preços internacionais, o que todo mundo que viaja percebe muito bem. Em uma normalidade monetária, a pizza que você come na Avenida Paulista custa o mesmo que uma pizza em New York. Com o preço da gasolina sucede da mesma forma, ou quase isso. Os preços mundiais são padronizados, um pouquinho pra lá outro tantinho pra cá, mas a gasolina não varia muito de preço – a Venezuela, grande produtora mundial, tentou nacionalizar seus preços e vende-la por centavos e quebrou também por isto. Nos Estados Unidos e na maioria dos países da Europa a gasolina na bomba do posto tem valor semelhante ao nosso. A diferença é que principalmente na Europa veículo próprio é uma opção, dada a excelente rede de transporte público, principalmente ferroviário. Aqui no Brasil é necessidade, a única saída para ir e vir nas grandes cidades com segurança a preços justos. Alguns dizem que o salário mínimo é maior lá fora: bobagem. Salário mínimo não é igual a salário médio, ele existe apenas para impedir remunerações indignas e aviltantes. É proibido pagar menos que um salário mínimo mensal para um trabalhador, mas esse valor passa longe do que trabalhadores brasileiros, americanos e europeus geralmente recebem após um mês de labuta. Ah! Um detalhe interessante: proporcionalmente, na América um dólar vale o mesmo que vale um real para nós, se levarmos em conta o que o americano e o brasileiro médios compram com ele.

Novo Auxílio Emergencial.
Se não surgir uma contrapartida fiscal, ou ao menos severa contenção de gastos públicos, o novo auxílio emergencial vai terminar de nos quebrar. Percebo economistas falando nas grandes redes que não é bem assim, que o auxílio movimenta dinheiro no comércio e ajuda a preservar empregos. Balela. O benefício lembra-me o que dizíamos sobre honorários quando eu era advogado: é pouco pra quem recebe, muito pra quem paga. Não é possível fabricar dinheiro sem lastro ou valorização de nossas reservas monetárias. O revolucionário nacionalista Pancho Villa tentou fabricar dinheiro para debelar a fome mexicana e quebrou seu país. Para tirarmos vinte milhões de brasileiros da pobreza extrema teremos de criar impostos ou programas de demissão voluntária no serviço público. Sem isso, o Brasil vai à bancarrota.

O dito pelo não dito.
Onde está a verdadeira amizade, aí está o mesmo querer e o mesmo não querer, tanto mais agradável, quanto mais sincero.” (São Tomás de Aquino, filósofo católico italiano).

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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