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RENATO ZUPO

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A Carta de Bebbiano

ENTRETANTO

A carta do finado Gustavo Bebbiano ao Presidente Bolsonaro, entregue postumamente, é tocante. Bebbiano morreu na hora errada, em meio à crise do Coronavírus – seu estranho enfarte não obteve o destaque que merecia e suas revelações ao Capitão Bolsonaro – em tom de testamento premonitório, em tom de confidência, demonstram que o antigo apoiador do presidente intuía a morte próxima e deixou o seu legado. Ele deu um recado ao mito que idolatrava: “seu capitão” (como ele o chamava) deveria servir a todos nós brasileiros. Bebbiano lembra que os Adélios da vida nascem do ódio e que a prática do confronto sempre aguça esse ódio, uma ferramenta mortal. Entendo o presidente: antagonizou a vida toda, foi atacado a vida toda. Tem na luta a rotina diária – só que o operador do direito é um guerreiro da paz, seja ele eleito, nomeado ou concursado, de quaisquer dos três poderes da República. O presidente, dignatário máximo da nação, precisa largar pra lá comunismo, 1964, conspirações, etc… Só assim o Brasil vai pra frente. É difícil pra ele – os esqueletos do armário, as injustiças midiáticas, os fantasmas da luta armada sempre o afligiram. Ele sempre foi injustiçado ao longo de quarenta anos de vida pública, como militar e parlamentar. Mas ele terá que se superar, para o bem do Brasil. Foi o que Bebbiano, antes de sua estranha morte, também disse.

Coronavírus.
Sua letalidade é branda, mas seu contágio é altíssimo. O risco do COVID 19 é alcançar seu ápice contagioso antes que nosso sistema de saúde esteja pronto para atender ao número elevado de casos que vai aumentando de maneira exponencial e paulatina. Se o contágio for muito rápido os doentes podem até não morrer do vírus, mas da falta de atendimento médico-hospitalar adequado, porque não haverá vagas e gente capacitada para atender e curar tantos ao mesmo tempo. O cuidado estatal – e de todos nós – não é exagerado, porque procura inibir a proliferação rápida do vírus enquanto se criam ferramentas para acudir as vítimas desta pandemia. Todos, mais cedo ou mais tarde, seremos infectados pelo Coronavírus. Ele é como a Influenza e a projeção de sua proliferação alcançará justamente o limite natural e desejado quando todos tiverem sido infectados, porque aí todos teremos anticorpos para combater o COVID 19 em nossos organismos. Justamente como acontece com a gripe comum. Aí, quem se infectar de novo já estará mais forte, já haverá vacinas, enfim, o Corona será um inimigo conhecido e vencido. Até lá, ele é uma mutação nova que nosso organismo precisa aprender a combater e o tempo que ganharmos para nos prepararmos para esta batalha biológica poderá representar a salvação de centenas de vidas humanas.

Jovens e velhos.
A Itália é um país de idosos. Vive-se muito por lá. Ou vivia-se, até que o Corona começou a matar como uma deusa da morte ceifadora e impiedosa. Imagine-se a cidade de Brescia, arredores de Milão, norte da Itália. É mais ou menos do tamanho de Uberaba. Por lá, até semana passada, morriam 30 infectados por dia. Isso mesmo. Por dia. Imagine isso ocorrendo em uma cidade média brasileira. É preocupante, e atinge sobretudo os velhos e himunodeprimidos, justamente porque carentes do exército biológico de anticorpos necessário para deter um vírus novo. Aconteceu isso na gripe espanhola que chegou ao Brasil em navios de carga e aconteceu também com a Varíola que dizimou nossa população indígena e que veio agregada ao conquistador português que legou aos nossos nativos um vírus que até então lhes era desconhecido. Justamente por isso, jovens sofrem menos e correm menos riscos. Para eles, todo vírus é novo: Influenza, Corona, Mononucleose. O que vier eles traçam. São fortes. Graças a Deus.

Ainda a Itália.
A Itália é o Brasil da Europa e os governos de ambos os países tem uma triste tradição de leniência e ineficiência, um histórico de crime organizado e corrupção e um sistema de saúde deficitário. Todo governo que dá tudo de graça não consegue entregar serviço de qualidade. A Itália segue o assistencialismo social brasileiro no tocante à saúde, e é tudo muito caritário e humano, “bellíssimo” – como os italianos dizem- mas não há gestão de saúde que suporte tantos gastos. Por isso a Itália implodiu com inúmeros casos mortais de Covid19 em tão pouco tempo. E por isso se teme que no Brasil ocorra o mesmo. Para que se tenha uma ideia, na França, ali do lado, não houve e nem haverá esse estrago todo. Na Alemanha, nem pensar. Mesmo em Portugal, a saúde pública é para o essencial indispensável e por isso ela jamais estará caótica, engessada e rota, como ocorre na Itália e no Brasil. Por isso os Estados Unidos deram meia volta no Obama Care. A saúde pública deve salvar vidas, garantir sobrevivência humanitária ao paciente, e para fazer isso tem que eliminar gastos, despesas e tratamentos eletivos. Nem mesmo os EUA suportaram pagar tanto por assistencialismo social desnecessário na área da saúde. A Itália sofre, a Itália sangra, mas vai vencer.

O Dito pelo não dito.
“Eu sou uma pergunta.” (Clarice Lispector, escritora brasileira).

 

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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