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RENATO ZUPO

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covid 19

Flagrantes do COVID

ENTRETANTO

A dobradinha de políticos paulistas Dória&Covas provocou semana passada engarrafamento para forçar o isolamento social das pessoas na maior cidade brasileira, forçando o tráfego em meia pista nas principais avenidas de São Paulo, que não precisa e nem merece que se promovam desgraças reais para evitar desgraças hipotéticas. Fazem isso para tirar gente da rua, mas o tiro sai pela culatra. Só falta agora os dois trapalhões causarem também enchentes ao entupir bueiros, ou provocar mais assaltos distribuindo armas de fogo pra turma da crackolândia. E a passeata dos enfermeiros por melhores condições de trabalho? Enquanto na Grâ Bretanha 400 mil ingleses leigos se ofereceram como voluntários para a linha de frente do combate ao COVID, aqui tem profissional de saúde (graças a Deus poucos) aproveitando a pandemia pra fazer política. Eita, Brasil, você não conserta não.

Luz no fim do Túnel?
Do Corona escapamos porque o tempo o resolve. Até setembro vamos estar queimando máscaras e brindando com Cidra Cereser e Vinho Sangue de Boi – que o champanhe vai estar muito caro por causa do dólar alto que o Paulo Guedes acha bom porque evita empregadas domésticas na Disney. De resto, prosseguiremos claudicantes com uma economia em frangalhos e uma batalha política a cada dia – quando não é o Presidente que a atiça, é um Ministro do Supremo que manda buscar generais ministros “debaixo de vara” pra depor . O episódio foi desnecessário e atenta contra a dignidade do cargo dos envolvidos, do magistrado do STF e dos militares de alta patente. Tem que haver urbanidade, decoro e prudência no exercício do sacerdócio de todo magistrado. Juiz que é juiz não é ator da contenda, mas seu apaziguador.

Escalada de mortes.
A Gripe Espanhola de 1918-19 dizimou um quinto da população europeia. Do Rio de Janeiro, então nossa cidade mais populosa (1,7 milhões de habitantes na época), levou 200 mil vítimas. Ela era muito mais letal que o CORONA e tão contaminante quanto, claro que se levando em conta as devidas proporções. Naquela época, a “espanhola” (que da Espanha só tinha o nome) atingiu tanta gente de maneira fatal porque não havia saneamento básico para a maioria da população, esgoto e água encanada eram luxos, as pessoas não lavavam direito as mãos e os antivirais e antibióticos eram ainda sonhos distantes. E o que aconteceu? Em quatro meses simplesmente parou de morrer gente, porque todo mundo se infectou. É a chamada imunidade de rebanho. Tanto que teve carnaval no Rio no ano seguinte! É o que acontecerá conosco, a valer a lógica intransponível da História.

Fim da quarentena?
É fato que, com ou sem quarentena, vai morrer gente – confinada, livre, com ou sem máscara. É mais ou menos o que Bolsonaro falou, claro que com aquela sua peculiar sutileza politicamente incorreta bem Bolsonarística. Mas com o isolamento as vítimas se contaminarão mais devagar e em menor número. Esse isolamento, em um estágio inicial de disseminação da pandemia, torna mais lenta sua propagação e permite aos sistemas de saúde governamentais se aparelharem para melhor atender a demanda de doentes do COVID e de outras moléstias. Ocorre que esse isolamento, “à brasileira” (digamos), já aconteceu, e o que o Governo poderia fazer por leitos de hospital, respiradores, testes massificados, bem ou mal já foi feito. Esqueça a ideia de que pode ser melhorado. Estamos no Brasil. Por aqui ainda há obras para a Copa do Mundo de 2014 em andamento, amigo. Passado o isolamento inicial, há que ser reorganizada a sociedade e acalmada a economia, com o retorno paulatino das atividades profissionais para que não só o vírus, mas também o dinheiro, voltem a circular. Se não teremos outros problemas também graves: desabastecimento, desobediência civil, saques, picos de criminalidade. Atenção: isso tem que ser paulatino, pouco a pouco, mas já tem que começar de maneira inexorável.

FHC.
Alguns dirão que Fernando Henrique Cardoso foi o melhor presidente brasileiro depois de nossa redemocratização. FHC foi muito bom para a economia, tanto que amainou os mares revoltos do mercado internacional para que Lula os singrasse em cruzeiro. No entanto, no resto o ex-presidente Tucano foi uma lástima: toda nossa crise de segurança pública se acirrou nos seus oito anos de governo, ele deu banana para a praga do Crack que então se encorpava, recusou ajuda americana no combate ao narcotráfico, fez reforma agrária insípida em um tempo em que ela ainda era possível. Fernando Henrique é marxista de carteirinha, mas se rendeu em boa hora ao capitalismo e foi intransigente ao adequar nosso mercado interno às regras do jogo cambiário internacional. Colocados na balança seus prós e contras, foi, sim, um bom presidente da república. Recuperou nossa moeda e o poder de compra de milhões de brasileiros, e o Plano Real é o que ficará para a posteridade. Ele, portanto, pode criticar os presidentes que o sucederam, dentre os quais Jair Bolsonaro. É impossível que se esqueça, no entanto, que mais de 40 milhões de brasileiros queriam no poder exatamente o Bolsonaro que aí está: histriônico, sem meais palavras, atilado, politicamente incorreto. Como eu sempre disse aqui, Jair Bolsonaro pode ter a cara feia, mas é uma cara só. Ele não muda, não se mistifica e nem se mascara, gostem disso ou não.

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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