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RENATO ZUPO

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Armas de fogo

ENTRETANTO

Nós brasileiros somos uns ignorantes quando o assunto é arma de fogo. Simplesmente não temos cultura de portá-las ou usá-las, assim como não temos cultura ferroviária: não sabemos pegar trens, porque o transporte sobre trilhos de ferro no Brasil é lastimável e quase inexistente. O que o Estatuto do Desarmamento em vigor desde 2003 conseguiu, além do aumento do número de crimes violentos perpetrados por marginais armados ilegalmente, foi recrudescer e aumentar mais ainda nosso desconhecimento quanto à cultura armamentista mundial. Se uma lei não está funcionando, tem que ser mudada e ponto final. E passou da hora de nós, brasileiros capiaus, entendermos que perigosa não é a arma, mas quem a maneja. Automóveis também são perigosos se mal conduzidos, e nem por isso se fala em proibi-los. Não podemos privar o cidadão comum e honesto de se defender, quando o estado é incapaz de fazê-lo integralmente e em todas as circunstâncias de eventual perigo. Habilite-se um atirador como se habilita um condutor, garanta-se um Direito que, enquanto esteve tolhido, não reverteu em benefício algum para a sociedade. Dessa forma, muito correto que o novo Presidente tenha iniciado através de Decreto a ampla reforma legislativa que deverá revisitar o controle de armamentos no Brasil, flexibilizando-o.

Estatísticas.
O finado Ulisses Guimarães dizia que estatística é como sutiã: esconde muita coisa e deixa de mostrar o mais importante. Quando deturpadas, ou mal interpretadas, as estatísticas deixam de ser simples números para se transformarem em perigosos mecanismos corruptores da verdade essencial. Acreditamos em algo que não existe, simplesmente porque nos informam de algoritmos e índices forjados ou manipulados. Já disse aqui das pesquisas eleitorais: faz-se um candidato favorito simplesmente colhendo respostas em seus nichos eleitorais e ignorando-se aqueles outros que lhe sejam adversos. Com os indexadores da violência urbana também se dá de modo idêntico e pernicioso. Falam do controle armamentista que funcionou em determinados estados em que a entrega e apreensão de armas de fogo foi mais contundente, esquecendo-se que números absolutos demonstram que os estados que mais entregaram armas foram, também, aqueles que mais as ocultaram e deixaram de entregar. Os (falsos) números também apontam que homicídios diminuíram depois do advento do Estatuto do Desarmamento em termos percentuais. Ora bolas, usemos a inteligência: ninguém pensou em jogar nessa conta os homicídios perpetrados com facas, facões e porretes, porque aqueles que querem matar o fazem de qualquer jeito. Tampouco se observa o número de roubos praticados mediante emprego de arma de fogo ilegal que, estes sim, quadruplicaram em todas as praças brasileiras nos últimos dez anos. Fazem com as estatísticas de crimes violentos no Brasil o mesmo que já fizeram com a eficácia da pena de morte: distorcem dados. Disseram, por exemplo, que nos estados americanos que ainda adotam a pena de morte os crimes não diminuíram. Ora, ora, crianças inocentes, e nos estados que não a adotam os crimes também não diminuíram! Esses teóricos do absurdo fazem-me lembrar de Dráuzio Varela em uma chamada do Fantástico, alertando que dados recentes mostram que um terço dos pacientes de Câncer no Brasil são ou foram fumantes! Faça a conta Dráuzio: então há dois terços que nunca fumaram, ampla maioria. E com isso não se vá dizer que cigarros são bons pra saúde. Aí estaríamos acompanhando a lógica absurda desses encantadores de serpentes da mentira.

Aí parei.
De férias em uma pequena cidade do sul da Bahia passei na porta de uma Escola Municipal. Seu nome: John Kennedy. Bela homenagem ao grande presidente americano assassinado na década de 1960. E estava corretamente escrito, com todos os “n” e “h” e “y” de batismo daquele figurão da história mundial. Atente-se que estamos falando de uma cidadezinha pobre do litoral do nordeste, onde infelizmente a educação se compadece da pobreza extrema. Então, causa uma surpresa positiva que não errem no inglês o nome da escola, considerando-se que nomes em inglês muitos letrados erram e, afinal, se cultua por aqui a ideia reducionista e cretina de que não temos obrigação alguma de saber falar ou escrever inglês ou qualquer outra língua estrangeira. Com isso, já se perderam muitos jovens talentos linguísticos, mas o ponto não é esse. Entre animado com o bom exemplo do nome bem grafado, só então me apercebi do resto do texto contido na placa do estabelecimento de ensino: “Coléjio Municipal”. Assim mesmo, com “j”. Isso na entrada de uma escola pública brasileira. Quando acertam no inglês, erram o português – aí parei.

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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