A Criação da União Europeia é um velho sonho do carismático britânico Winston Churchill, que lhe dava outro nome mais esclarecedor: Estados Unidos da Europa. Churchill era filho de mãe americana e absolutamente entusiasmado com o novo mundo representado pelos então emergentes EUA. Entendia que só uma federação de países europeus à moda dos Estados Unidos salvaria o velho continente da ruína financeira do pós-guerra. Décadas depois de sua morte, o velho Winston ficaria feliz em saber que a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética fizeram jovens dirigentes das nações europeias consolidarem suas ideias com o distinto nome de União Europeia. Desde sua origem, a UE criou uma zona livre de comércio sem barreiras alfandegárias, com circulação também livre de europeus pelas fronteiras internas e moeda única. Seria um paraíso, mas com o tempo inúmeros problemas surgiram, gerando desigualdades. Ironicamente, nem todos os países que integram a zona do Euro adotaram o Euro como moeda, aí se inserindo, inclusive, a Inglaterra do Brexit. A adesão de países vivendo economicamente prosperidades e retrocessos distintos enfatizam desigualdades ao revés de aplainá-las. Assim é que a Itália, por exemplo, permanece em crise há dez anos, enquanto a Alemanha é um gigante econômico poderoso e Portugal vai se desvencilhando da caricata figura de primo pobre da Europa para se tornar um país com pleno emprego – diferentemente da Grécia e da Irlanda do Norte, imersos em dívidas e literalmente “quebrados”, apesar da adoção do Euro e dos vizinhos ricos. A migração interna também atrapalhou bastante o convívio entre os países da UE: romenos e húngaros mendigam por todo o resto da Europa em fuga de seus territórios desfigurados pela fome. Imigrantes de países mais pobres acirram a competição interna por vagas no mercado de trabalho nas nações mais ricas. Por esses principais motivos é que os britânicos optaram por sair da turma do Euro que de fato jamais integraram plenamente – e agora poderão retroceder nessa decisão.
Muitos tradutores da língua inglesa para o Português não levam em consideração aspectos históricos e definições geográficas ao traduzir, gerando confusões que alcançam gerações de estudantes e profissionais. É o caso da denominação “Bretanha”, que não se refere às Ilhas Britânicas lideradas pela Inglaterra, mas a região da “Bretagne”, na França. Um bretão é, portanto, um francês. O inglês é britânico – “Britain” em bom inglês. Livros antigos de História confundem isso o tempo todo.
Artimanhas da Língua (II).
Os imigrantes sofrem também com a língua, além de serem obrigados a viver em países estranhos. O imigrante é quem está chegando ao país, o emigrante é quem está saindo. A imigração é o nome do fenômeno. Já o “migrante”, sem o i ou o e, é quem muda de paragens dentro do próprio país em busca de uma nova vida.
O dito pelo não dito.“Aprendi que não devo me importar com comentários que não irão mudar a minha vida”. (Jô Soares, escritor e humorista brasileiro).
Magistrado e Escritor