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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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mundo eua donald trump 20161107 01

Trump!

ENTRETANTO

Queimei a língua de novo, né? Disse que Trump não iria ser o próximo presidente dos Estados Unidos, que seria derrotado por Hillary, ainda que com extrema dificuldade, e que teríamos mais uma democrata na Casa Branca… E errei de novo, e feio. Me lembro de outras previsões que fiz aqui, todas a demonstrar que mais pareço um profeta português, daqueles que prevêem o passado. Nestas páginas apostei que Dilma não seria afastada, que o Brasil ganharia a última copa do mundo porque Felipão era um grande técnico e que a Espanha não ganharia a penúltima, porque era um time sem brilhos individuais. Errei tudo. E agora erro de novo, com Donald Trump. Portanto, não confiem em minhas previsões. Eu seria um péssimo meteorologista.

Cansaço ideológico.
E quais seriam os motivos para a derrota surpreendente de Hillary Clinton e do partido democrata americano? Já dissecamos isso aqui, muito embora sob outra ótica. Os democratas dos EUA seriam, no Brasil, o equivalente a uma mistura de PSDB com um PT menos radical, \”aquele\” PT do Lulinha paz e amor que venceu sua primeira eleição. Ou seja, a esquerda humanitária e sem xiitas, com um discurso bem populista e igualitário. Em suma, a esquerda caviar que sempre vemos ao nosso redor: o vizinho com um Audi zero na garagem e um pôster do Che Guevara na sala, a jornalista socialista moradora de zona sul que detesta caminhar perto de favelas, o estudante de medicina de universidade privada que quer participar da ONG Médicos sem Fronteiras e salvar sírios, mas antes quer ir à Disney, e por aí vai. Gente boa, em suma, mas que não acordou para seu pensamento demagógico, sem nexo e sem sal. Gente que disputa e vence o poder há vinte anos e prova, entra mandato e sai mandato, que não resolve os problemas do Estado e da sociedade. E o eleitorado se cansou disso, cansou da falta de estadistas de esquerda, de bons administradores de esquerda, se cansou de muito discurso, de muito ideal, e de pouco sucesso e efetividade. E resolveu guinar radicalmente em direção contrária.

A ultra-direita.
Todo radicalismo é errado. Posições extremas tendem a ser posições equivocadas. Considero a ultra-direita exacerbada como o é o comunismo, o socialismo – por falar nisso, sabem que o PT tem uma cartilha orientando filiados a não usarem mais o termo \”comunismo\” e substituí-lo por \”socialismo\”? Será por quê? Bem, voltando ao tema, considere que o corriqueiro é que o caminho mais próximo do equilíbrio e do acerto seja aquele mediano e central, o fiel da balança. É por aí que sociedades civilizadas devem caminhar, mas se há uma coisa que o novo século nos mostra é que estamos distantes, muito distantes, de podermos de fato nos considerarmos uma sociedade planetária e globalmente civilizada, e a Síria e o Estado Islâmico aí estão para não me deixar mentir. Como a esquerda decepciona, o mundo vai para o extremo oposto, fenômeno mundial que justifica a existência de Donald Trump, mas também de Berlusconi, da família Le Pen, de Wladmir Putin, de Jair Bolsonaro. Se não deu certo sermos bonzinhos e olharmos o próximo, distribuirmos casas populares e vagas em faculdades com dinheiro do povo, então vamos seguir o mercado, olhar para o próprio umbigo e proteger nossas fronteiras e empregos de migrantes mortos de fome. É esse o caminho? Parece que não, mas os eleitores do mundo inteiro cansaram de esperar o surgimento de um líder messiânico e eficiente de uma esquerda até aqui desastrosa e que demonstrou não saber enfrentar crises em escala global.

Cansaço Político.
A coisa toda pode ser analisada por outro viés, o da crise de credibilidade que avassala a classe política. O povo está cansado de conversa mole sem resultados satisfatórios. A única imagem política que se fixa no imaginário coletivo é o da vida mansa e da ineficiência, quando não da corrupção e do escândalo. Há grandes homens públicos, conheço vários, mas que simplesmente não conseguem chegar lá e ir mais longe, porque no meio do caminho encontram aquelas pedras intransponíveis do poema de Carlos Drummond de Andrade. Aí surge gente nova, sem esqueletos no armário, sem passado para ser investigado, e rouba a cena.

 

O Dito pelo Não Dito.
\”Quando criança , fui ensinado que qualquer pessoa podia ser presidente. Agora estou começando a acreditar.\” (Clarence Darrow, advogado americano).

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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