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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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estado nacao e governo relacoes e diferencas

Nação

ENTRETANTO
Observando as seleções dos países participantes desta Copa do Mundo, é inevitável reconhecer a miscelânea, a mistureba, a miscigenação de raças que compõe cada time. Não estou falando que há seleções africanas, europeias, asiáticas, etc… Digo que em cada seleção há distintas raças e nacionalidades, como nunca antes se viu em uma competição esportiva desse vulto. A seleção suíça, por exemplo, tem jogadores de meia dúzia de países diferentes, e dentre eles há os atletas naturalizados (nasceram fora e se tornaram suíços) e aqueles que são filhos de imigrantes (nasceram na Suíça, mas tem etnia e cultura de outros países). Isso nada mais é do que o retrato do mundo atual. Na França mais de 20% da população é árabe e outro tanto há de africanos, e não é a toa que a seleção francesa também representa diferentes cores de pele e religiões. Atualmente quando se anda pelas ruas das grandes cidades europeias não se sabe quem é nativo e quem é estrangeiro, tamanha a diversidade étnica. Bonito de se ver, mas um caldo cultural propenso a explosões. Vai daí a indagação: o que seria o sentimento de “nação” para todos esses imigrantes e filhos de imigrantes, naturalizados ou ilegais? Quando o atleta francês que nasceu no Sudão do Sul dorme, sonha com uma savana africana ou com a Torre Eiffel? O cidadão se sente pertencido a uma nação, e sem esse sentimento a procedência geográfica perde a razão de ser, e então a pátria da gente é de onde viemos ou onde ganhamos nosso pão, ou onde ficaram enterrados nossos ancestrais? Ou tudo isso. As fronteiras estão dilaceradas pela globalização e as diferenças cada vez mais iguais.
Negócios.

Meu amigo blogueiro Jorge Santana costuma dizer que Futebol que é esporte é aquele jogado na várzea ou treinado nas aulas de educação física. Futebol competitivo nada tem de esportivo, é entretenimento, é negócio. Os jogadores usam o preparo físico para entreter, encantar e ganhar dinheiro, assim como um ator, por exemplo, ou uma modelo. Usam o corpo para obter um efeito imediato, seja uma cena de cinema ou o lançamento de uma coleção de moda. E também para fazer gols. Corre muito dinheiro em uma competição de futebol, mais ainda em uma Copa do Mundo, mas ainda acho que o conceito de esporte não se perde no meio desses cifrões. O esporte, ou “desporto” como diz nossa Constituição Federal, permanece inerente à atividade do jogador de futebol e de todo e qualquer atleta profissional porque representa um ideal: o menino da favela, a criança pobre, o adolescente marginalizado da periferia, levanta de manhã e vai para o campo de várzea, ou para a quadra, ou para a piscina, inspirado pelos exemplos profissionais de atletas bem sucedidos. É nisso que reside o esporte: em um ideal. O espírito olímpico, por exemplo, simboliza bem isso, a superação, o espírito de competição, o “fair play”. Pouco importam os dólares e euros envolvidos nisso.

 

Ídolos.

Cristiano Ronaldo é um ídolo indiscutível no mundo e mais ainda em sua terra de origem, Portugal. Messi é amado por argentinos e espanhóis e por todos que gostam do futebol bem jogado, tal qual Maradona sempre será um ídolo das multidões. Em Buenos Aires ousei discutir com um taxista portenho sobre a drogadição de Don Diego e dele recebi uma aula de cidadania em resposta, que já reproduzi por aqui: quanto mais Maradona erra, mais se assemelha ao seu povo e mais é amado. É assim no mundo todo com os ídolos locais e internacionais. Menos no Brasil. Aqui se fala de Pelé pelos milhões que ganha, pelas ex-mulheres que tem, pela filha que não reconheceu, pelo filho que foi preso. Não se idolatra sua genialidade. Poupam um pouco mais Ayrton Senna porque morreu cedo, mas ainda dizem que era gay, que namorava modelos bonitas de fachada, que era um chato, etc… Paulo Coelho, autor dos mais lidos no mundo, é recebido na mesma toada: escreve mal, seus livros são autoajuda barata, é um mago charlatão… Gente, ele é adorado e suas obras devoradas no mundo inteiro, está rico para várias gerações vendendo livros, e nós por aqui a apedrejá-lo. Que estranha gente é essa, esse povo brasileiro, com um complexo que, se não é de vira-latas como dizia Nelson Rodrigues, é de uma autofagia já prevista pelo personagem Macunaíma, de Mário de Andrade: imolamos a nós mesmos no altar da desilusão moral e sempre haveremos de reconhecer os podres dos ricos e poderosos e ocultar-lhes as virtudes, criticar desacertos e considerar êxitos acidentes de percurso irrelevantes. Estes somos nós, brasileiros, para o bem e para o mal.

 

Árbitro de Video.
Acabou a graça nas mesas de bar, a discussão na fila da padaria, as bravatas e opiniões das resenhas pós-jogo com os chatos árbitros de vídeo esclarecendo as dúvidas e os erros do apito. É a tecnologia matando as polêmicas que aviventam e dão graça ao Futebol, que só é o esporte mais popular do planeta porque pode ser jogado com bola de meia em qualquer campinho de subúrbio… e sem árbitro de vídeo.
O dito pelo não dito.
“Não adianta chorar. Não adianta juntar as mãos em súplica. É preciso envelhecer.” (Virginia Wolf, escritora inglesa).
Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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