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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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Médici

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Sabem quando possuímos pleno emprego, com crescimento anual de mais de nove por cento ao mês, quando criamos parques industriais que geram empregos e arrecadam impostos até hoje? Sabem quando foi? E essa história toda de que somos a oitava ou sétima economia do mundo, que se fala faz bastante tempo, será que alguém adivinha quando ocorreu, quando de fato ocupamos um lugar entre os dez países de mercado mais pulsante do planeta? Não, não foi com Fernando Henrique Cardoso ou com seus sucessores, muito embora os petistas bebam deste sucesso e arrotem suas bravatas com o progresso então alcançado e firme e inalterado até hoje, como se fosse obra deles. Na verdade, foi o presidente general e ditador Emílio Garrastazu Medici o responsável pelo milagre econômico brasileiro que vivemos na época e que até hoje nos gera algum conforto. Pouca gente sabe disso, não somente porque o brasileiro não tem memória, mas porque ninguém está interessado em ufanar e elogiar ditadores militares antigos, quando é possível aplaudir hoje em dia ex-assaltantes de bancos e terroristas que foram presos, torturados e exilados por Medici e seu pessoal, gente hoje no poder, de uma certa forma perenizando os assaltos aos nossos bolsos e aos dos bancos, como outrora faziam.

Prendendo e arrebentando.
Medici diferia dos demais generais e presidentes militares dos nossos anos de chumbo. Ao contrário dos nossos outros líderes de farda, detestava pompa e fotos. Poucos registros fotográficos se tem dele. Informalmente quase nenhum. Quando se dirigia à nação, o fazia via rádio e rapidamente. Enquanto os demais presidentes, Castelo Branco, Costa e Silva, Ernesto Geisel e Figueiredo (este o último) fingiam não ouvir dizer dos porões das ditaduras e das torturas e assassinatos que ocorriam, Medici fazia constar em seus discursos que não pouparia esforços em destroçar a esquerda armada até o último homem. Ufanava a tortura e a considerava o único remédio possível para deter a escalada da violência que grupos clandestinos de comunistas iniciavam organizar em nosso país. Para ele era porrada e pronto, e viva a porrada. Não gostava de tortura, mas falava francamente que não havia outro meio de deter os grupos de comunistas que se armavam, assaltavam bancos e sequestravam embaixadores, \”justiçando\” (executando) aliados do sistema político militar. Na época, a esquerda armada tentava criar uma sociedade alternativa na foz do rio Araguaia, imitando Fidel Castro e sua guerrilha que desceu de Sierra Maestra para conquistar Cuba.

Ovos e omeletes.
Em Cuba a esquerda tinha um aliado de vital importância, indispensável, sem ele não haveria revolução: era o povo, que queria um governo comunista de economia estratificada representada pelo heróico bandoleiro Che Guevara, braço armado da esquerda fidelista. Por aqui, todos os esquerdistas armados e comunistas que combateram os milicos eram estudantes de faculdades, filhinhos de papai mimados que entendiam de povo o que uma lavadeira entende de uma espaçonave ou um drone: nada. Não tinham o povo, que idolatrava os militares e de vez em quando, muito de vez em quando, chiava porque o terrorista errado e inocente era o que sumia e depois aparecia morto. Fora isso, queríamos a ordem, era essa a verdade, doa a quem doer. E Medici sabia que, por mais odiosa que fosse a tortura, seria impossível combater os terroristas comunistas sem pendurá-los no pau de arara, tanto como é impossível fazer omeletes sem quebrar ovos.

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Exemplos mundiais.
Na época, fomos exemplos para todo o mundo civilizado, primeiro porque nossa ditadura era ditamole. Matamos e torturamos dez a vinte vezes menos que em outros países latino-americanos com os mesmos problemas que possuíamos, de esquerdas armadas ensaiando o terror. Os militares brasileiros, com Medici à frente, somente pararam de prender terroristas porque aqueles que escapavam das masmorras sequestravam embaixadores gringos que depois nos obrigavam a trocar por seus companheiros detidos. Então, nosso bom e velho Garrastazu resolveu acabar com a moeda de troca: ao invés de prender e torturar, resolveu executar e matar os vermelhos comunistas. Notem bem: não estamos falando de simples membros da esquerda contrários ao regime, que estes os havia e faziam política e nada os incomodava. Ninguém era tolhido de pensar diferente. O que não se suportava era o terror, e para combatê-lo o estado militar teve que ser mais terrível ainda. Hoje, o Estado Islâmico penaria na mão de Medici, e seus barbudos extremistas estariam capados ou pendurados em um pau de arara rezando para Alá e lamentando ter um dia se armado contra o mundo civilizado. Mas precisaria de um Medici, e precisaríamos entender que direitos humanos tem limites e que não devem servir para impor rédeas à repressão aos agentes terroristas que são verdadeiros inimigos do estado.

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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