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RENATO ZUPO

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A Justiça de Salomão

ENTRETANTO

Falamos aqui sempre e um pouquinho do clã Bolsonaro, não porque existam sempre defeitos ou sempre qualidades a destacar, mas porque as mudanças de humores e de amores entre eles e seus correligionários afetam diretamente toda a nação. Acho que é mais ou menos por isso que a maioria da imprensa (séria) do país não deixa de abordar os tropeços, avanços e choques no embate político envolvendo o presidente da república e sua gente, aliados e inimigos. Deles, Eduardo Bolsonaro é de longe o maior problema. Tenho até pena dele. O pai o quis embaixador brasileiro em Nova York e a gritaria foi geral. Agora, se pretende que seja líder do PSL na Câmara dos Deputados, Presidente do Partido, e novamente Bolsonaro e o rebento mais barulhento voltam a enfrentar resistência interna e externa. A sempre aliada Joyce Hasselman exagerou na dose e perdeu a pose e a classe com Eduardo. Quem está certo? Bem, não é necessário que uma luta política possua certos e errados, ou só certos e só errados, ou só inocentes, ou só culpados. Estes rachas internos são todos absolutamente desnecessários e culminam em um desgaste precoce do presidente que só favorece o enfraquecimento de seus programas de governo e da sua imagem perante o povo brasileiro. Desde o incidente com Gustavo Bebbiano está assim, e está insuportável. O episódio específico de Eduardo com Joyce também me remete à justiça de Salomão: se há briga por cargo, aquele verdadeiramente amigo e colaborador deve dele abrir mão. Passou de hora dos filhos do presidente irem para a penumbra, de onde não deverão sair tão cedo. Podem ser boa gente, mas só atrapalham o governo. E o presidente deve rever seus conceitos sobre os verdadeiros amigos e aliados. Joyce Hasselmann, Alexandre Frota, esse pessoal abandonou o navio com uma cara de pau incrível. Nem se preocuparam em afetar alguma mágoa justa. É só luta por poder o que os incensa. Nada ideológico, nada republicano.

E o Chile, hein?
Eu já disse textualmente aqui que o “Chile ingressou no primeiro mundo para nunca mais sair”! Então, o que deu errado, o que está acontecendo com o Chile? Bom… Protestos e ações politicamente violentas não são eventos que existam somente em países pobres ou aculturados. Sem precisar forçar muito a memória, podemos falar dos estudantes franceses na primavera parisiense de 1968 que quebraram o pau com a polícia pelo singelo motivo de ligeiro corte de verbas para a educação. Podemos também nos lembrar da década de 1990, quando o escândalo de um preso negro morto por policiais deflagrou quebradeira, incêndio e onda de revolta social em Los Angeles e praticamente em toda a Califórnia, o estado mais rico dos Estados Unidos. Recentemente, o povo de Hong Kong, acostumado a ser inglês, se revoltou contra os novos colonizadores chineses e o pau também moeu por lá. Ou seja, gente rica e culta também parte pra ignorância. Todos nós perdemos as estribeiras, não importa nosso berço ou situação socioeconômica. Outra coisa é a prosperidade oca chilena. Ok, Santiago é uma cidade linda, europeizada, há por lá Valparaíso e Vina del Mar, turísticas, mas nos arredores se vê muita favela, bairro pobre, rua sem calçamento, falta de saneamento básico. Ouso dizer também que nós todos latino americanos não temos educação democrática para conviver com as liberdades que possuímos. Quebradeiras, mortes, saques, violência, por conta de aumento de tarifa de combustíveis é alguma coisa de inaceitável, coisa de gente bárbara, coisa de fundo do poço… E olhem que os chilenos são cultos, hein? O que por lá ocorreu foi como nossa greve dos caminhoneiros, só que exacerbada à décima potência. Absurdo.

O que a Argentina tem a ver conosco?
A Argentina foi o país mais rico da América Latina. Comandava tendências, era referência cultural e política, mandava no comércio continental. Até a década de 1950 era comum se dizer no Brasil que este ou aquele sujeito era “rico como um argentino”. De repente, algo aconteceu na República Argentina: o populismo de Juan Domingo Perón, que pegou uma economia próxima dos padrões europeus da época e a destruiu com programas populares, com endividamento interno e externo e projetos sociais realizados à custa de recursos que a Argentina já não tinha mais em caixa – porque havia gastado todas as suas divisas segurando artificialmente o câmbio, distribuindo regalias e sesmarias entre seus aliados, estatizando propriedades privadas. O peronismo destruiu a Argentina, que se tornou indigente e praticante de uma série de estratégias financeiras de cortes de zeros e calotes que a transformou em uma republiqueta de bananas. Solo fértil para o retorno do peronismo com os Kirshner, primeiro Nestor e em seguida Cristina. Os escândalos de corrupção perseguiram o casal de presidentes que se sucedeu no poder por uma década e que permaneceu conduzindo a economia à bancarrota extrema. Cristina volta agora, perua, populista, peronista, de vice e a tiracolo do novo presidente Alberto Fernandez– ele que era estafeta do finado Nestor. É o triste ocaso, é o triste fim de um país tão belo, de gente tão culta que não merecia um destino tão melancólico. E vai sobrar pra nós brasileiros. Exportamos e importamos muito da Argentina. Não vamos conseguir manter uma balança comercial estável com vizinhos estatizantes, populistas e sem crédito ou credibilidade.

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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