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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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Verdades esquecidas

ENTRETANTO

A História não conhece sombras. Este deveria ser um dogma, uma verdade incontestável. Infelizmente, os fatos e feitos de nossa História são manipulados politicamente aos sabores dos interesses – legítimos ou não – de quem está no poder e forma opinião. Este é o grande, o grave problema do “politicamente correto”. Correto pra quem, cara pálida? Correto quando? Assisti com meus filhos o clássico “Karatê Kid”, filme dos anos 1980 muito popular entre os adolescentes da época. Aliás, para todas as gerações. Virou “cult”. Em determinada cena do filme, o sensei japonês velhinho “Mestre Miagi” dá um gole de whisky para o jovem discípulo de 16 anos, o mocinho do filme. Isso, hoje, seria impensável em um filme para adolescentes. Na época, não. É tudo uma questão de “quando”. Nossa história mostra isso. Os americanos escondem e procuram não falar de três temas que lhes incomodam muitíssimo e que sumiram dos seus livros de história: a Lei Seca, que proibia o álcool nos EUA e que durou longos 13 anos, de 1920 a 1933; a grande gripe de 1918 e 1919, que dizimou quase metade da população de suas cidades; e a Guerra do Vietnam, onde morreram inutilmente meio milhão de jovens americanos lutando uma luta que não era deles. Tudo conveniência politicamente correta. Pra mim, pior que fake News.

Então vamos lá.
O que interessa é revelar fatos que a história oficial omite. Nossos livros de História tem que informar sem deformar opiniões. O povo brasileiro, sempre tão sedento de liberdades, não sabe, por exemplo, que o grande presidente americano Abraham Lincoln, que propiciou a abolição da escravidão nos Estados Unidos, foi o mesmo que, durante a guerra intestina da Secessão (entre americanos do sul e do norte), revogou o Habeas Corpus. Aliás, Lincoln era do Partido Republicano, hoje considerado de “direita” por muitos, e duelou politicamente com o Partido Democrata – á época, escravocrata. Sigmund Freud dizia que a mentira é uma compulsão em todos nós. A mentira é inevitável. Vê-la em textos didáticos ministrados aos nossos filhos, então, não seria um absurdo, mas uma tendência muito seguida sempre: já li várias vezes que os portugueses massacraram os índios brasileiros, que Getúlio Vargas foi o pai dos pobres e que a Revolução de 1964 foi sanguinolenta e não contou com a participação popular… Balela! Querem ver?

Índios e Portugueses.
Os Europeus que chegaram ao Brasil trazidos por Cabral eram em menor número e portavam arcabuzes, antigos fuzis que derramavam pólvora e tinham que ser carregados pela boca do cano. Havia milhões de índios tupi-guarani no Brasil. Eram de uma raça guerreira, conquistadora, que matava e canibalizava tribos inimigas. Os portugueses seduziram os Tupis com álcool e miçangas e foram se amancebando com as índias. É o fenômeno do “cunhadismo” muito bem descrito por Darcy Ribeiro em “O Povo Brasileiro”, derradeiro relato de nossos primórdios. Nossos conquistadores não matavam índios. Índios matavam índios. É fato que os liquidamos culturalmente, mas isso também faz parte da História e é uma tendência universal: culturas engolem outras culturas, aproveitando-lhes somente os restos.

Getúlio Vargas.
Não era a toa que Getúlio Vargas se fardava em solenidades, como Hitler e Mussolini o faziam. Eram todos ditadores totalitários. Getúlio flertava com o nazismo alemão e com o fascismo italiano e implantou leis trabalhistas no Brasil como um fomento ao apoio popular que precisava para manter-se no poder. Só entrou na segunda grande guerra do lado “certo” porque afundaram um navio nosso e a opinião pública se incomodou. Além disso, os Estados Unidos, já então uma potência, pressionavam. O ditador Getúlio o que fez, como aliado do mundo livre? Perseguiu por aqui imigrantes e descendentes de países do eixo-inimigo, tomando bens de italianos, alemães e japoneses e seus filhos, destruindo-lhes casas, retirando-os de suas terras. Não por acaso, Getúlio se suicidou anos depois quando descoberto que planejava assassinar (isso mesmo) seu maior opositor político, Carlos Lacerda.

E a Revolução?
É aqui que os inteligentinhos da esquerda não admitem questionamentos: os militares que tomaram o poder eram os malvados e estupravam e matavam estudantes inocentes que só queriam tocar violão e deixar os cabelos crescerem. Participei de um seminário em Londres e ouvi de um historiador brasileiro – vejam bem! – que o Regime Militar não cometeu Revolução, mas golpe armado, porque não contava com apoio popular. Ora, amigos, os militares eram apoiados pelas massas no início do regime. Médici era aplaudido de pé nos domingos de Maracanã. Era o medo do comunismo, não um inesperado amor por fardas e fuzis. Depois, é fato, com as notícias de mortes e torturas e com a opinião pública mundial se voltando contra nosso governo, os militares perderam seu apoio popular. Mas, antes, o que ninguém queria era João Goulart – de esquerda – no poder. Essa verdade você vai encontrar em pouquíssimos livros. Hoje, calha e é conveniente esquecer detalhes tão importantes, porque são perigosos para a manutenção da versão deturpada daquele período tão próximo e, ao mesmo tempo, por ignorância, tão remoto.

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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