• BLOG ENTRETANTO •

Picture of RENATO ZUPO
RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

NOSSAS REDES SOCIAIS

Conteúdo Criado e Revisado por Humano
curso de teologia

Teologia

ENTRETANTO
Minha geração cresceu assustadíssima com as aulas de cultura religiosa, que suportei até a faculdade. Esses dogmas impostos pelas instituições de ensino atormentam os jovens e lhes dão a falsa impressão que o estudo do divino à luz da ciência – que é a temática teológica – é chatíssimo, preconceituoso e que se não o estudarmos e aplicarmos na vida diária estaremos fadados a queimar no inferno por toda a eternidade, privados de luz e de comunicação com os outros seres. Nada mais errado. A teologia é interessantíssima. Se as escolas escravizassem menos o conhecimento e libertassem mais a alma e o pensamento de seus discípulos, descobriríamos que há uma importante razão para procurar Deus em meio à filosofia e aos algoritmos sociais: a descoberta de que ciência e religião não colidem! Ao contrário, se interpenetram e se explicam.
Explicando Deus.
Agostinho, Tomás de Aquino, Erasmo de Roterdam, e muitos outros, em suas épocas procuraram explicar Deus e a origem do mundo conforme aquilo que a ciência primitiva já então havia revelado e sem negar as iluminações dos evangelhos das sagradas escrituras. Agostinho era adorado mesmo entre os protestantes. Sedimentou em seus escritos o dogma da santíssima trindade e assim explicou metafisicamente o conceito do “Espírito Santo”, tão querido aos crentes. Também criou a denominada “antropologia cristã”, que explica o homem como a união perfeita entre o corpo e alma apadrinhados por Cristo. Tomás de Aquino, seguindo os passos do filósofo Aristóteles (de início repudiado pela Igreja por acreditar na infinitude do universo), sintetizou o pensamento ético deste genial pensador grego, na verdade nascido na Macedônia. Segundo Aquino, seria perfeitamente possível a Deus criar um universo eterno que, todavia e necessariamente, tenha sucedido seu criador. Mas Erasmo de Roterdam era o mais genial: conceituava a religião como uma forma de loucura e devotava o significado da felicidade espiritual às crenças sinceras e à simplicidade da fé, independente de ritos, igrejas e doutrinas sacerdotais.
O Estudo do sagrado.
Pelo que se observa da História da humanidade, o homem somente sobreviveu à extinção tão comum às outras espécies primitivas porque permaneceu gregário e assim se socializou. O que nos unia no passado pré-histórico eram as crenças comuns transmitidas através de um código de comunicação que apenas se fortaleceu entre nós, homo sapiens. As religiões, utilíssimas, nasceram não somente para explicar os grandes mistérios do universo e com isso tranquilizar a perplexidade humana diante de sua própria finitude desconhecida e sobrenatural, mas inevitável. A essa necessidade atávica conecta-se a imprescindível comunhão de interesses na sobrevivência conjunta – porque em uma sociedade todos dependemos de todos. Isso só é possível através de uma fé compartilhada em um culto ao sagrado que ajude a explicar a origem do universo e o significado da vida. De onde viemos e para onde vamos.
Discutindo a fé.
Como já não somos mais um país esmagadoramente católico, usualmente se discute a fé e as diferenças religiosas aguçam conflitos, afastam entes queridos, destroem casamentos. Curioso, porque a religião surge no mundo para agregar e fortalecer, e é por isso que considero discutível o argumento de que vivemos em progresso incessante. Não há evolução possível quando o homem, ainda que interligado à toda a mais nova tecnologia inventada, vai perdendo a capacidade de conviver com as diferenças e respeitar antagonismos. Não melhoramos quando, apesar de banhados por informação caudalosa e exaustiva, não conseguimos mais nos conectar a um grupo e nos tornamos solitários, mesmo em meio à multidões. A utilidade da fé é indiscutível: acalenta o espirito e procura explicar a existência humana, unindo os povos. Discuti-la só nos enriquece. A religião, por outra via, foi e é pretexto para guerras, discórdia, retrocesso social.
O dito pelo não dito.
“As coisas que não existem são mais bonitas” (Manuel de Barros, poeta brasileiro).
Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

Gostou? Então compartilhe.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Copyright © RENATO ZUPO 2014 / 2024 - Todos os direitos reservados.

Desenvolvido pela:

NOVO LANÇAMENTO - PRÉ-VENDA

verdugooo 480x672