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RENATO ZUPO

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Nuzman

ENTRETANTO

Muito chatinho de zona sul vai ficar bravo com o que vou dizer, mas na minha modestíssima visão temos muito mais a agradecer do que a condenar o senhor Carlos Arthur Nuzman. Ele tem setenta e cinco anos, sessenta deles dedicados ao esporte brasileiro. Jogou vôlei profissionalmente e defendeu nossas cores nas olimpíadas. Aliás, tornou o vôlei o segundo esporte brasileiro. Se não transformou o Brasil uma potência olímpica, nos colocou entre os vinte primeiros do mundo, fortalecendo esportes amadores. É de sua cabeça a ideia de fornecer incentivos financeiros mensais a atletas federados e ranqueados. É uma “bolsa atleta” que ajuda muita gente. Finalmente, há as olimpíadas do Rio, o paraíso e o inferno deste notável brasileiro. Trouxe na unha, e também no dinheiro, os jogos olímpicos para o Brasil. O Rio de Janeiro foi a primeira cidade da América do Sul a sediar os jogos, o que não é pouco. O grande feito não nos trouxe prosperidade econômica, não nos tirou do mar de lama política e econômica, mas fizemos um excelente papel, disseminamos o esporte entre os jovens e carentes e demos um banho de organização. Quem não acredita, que compare com a o fiasco da Copa do Mundo. E tudo com o senhor Nuzman à frente. Agora ele foi pilhado corrompendo. É uma lástima, mas não apaga seu passado de glórias. Não é um gesto esparso, por mais questionável que seja, que afugenta os valores cívicos praticados por toda uma vida.

Será?
Nuzman é acusado de pagar propina para trazer os jogos olímpicos para o Brasil. Para quem não sabe, se corrompe ou é corrompido quem oferece, aceita ou recebe vantagem indevida para realizar ou deixar de realizar seu dever de servidor público. Pois bem. Nuzman, à frente do Comitê Olímpico Brasileiro, dirigia uma entidade privada. A polêmica começa aí. Quem não é servidor público não pode ser corrompido. Ah! Dirão seus detratores – mas ele pagou propina, e não recebeu. Pagou pra quê? Pra trazer as olimpíadas para o Brasil. Para provarem que se tratava de uma vantagem pessoal, os promotores do caso juntaram textos pessoais de Nuzman em que este se autoelogia pelo feito das Olimpíadas do Rio. Pô! Eu na minha casa, com os meus escritos, digo o que quero, não é mesmo? Cadê a vida privada e a liberdade de pensamento? Mas vamos além. O entendimento dos tribunais é de que pouco importa a destinação da vantagem buscada, e assim ainda que tenham sido nobres os motivos do nosso ex-dirigente, nem isso o exime da culpa penal. Será? Entre entidades privadas, ligadas ao esporte, pagar mimos ou custear despesas é uma tradição centenária no mundo todo. Os dirigentes da Fifa sempre o fizeram (e caíram por isso). Por fim: Nuzman tinha milhões em barra de ouro em um banco suíço. Pronto! Agora é crime ser rico. Em síntese, simplificando, a acusação pode ser verdadeira, os fatos podem até ser criminosos, mas tem muita roupa suja pra ser lavada, muita água pra passar debaixo da ponte, muita prova para ser produzida, para que se espezinhe antecipadamente a um homem público de passado, até aqui, limpo.

Opiniões.
O Direito é dialético e feito de opiniões. Não é porque o promotor pensa assim ou assado que o fato é verdadeiro. Tampouco o juiz ou o Tribunal é o dono da verdade. É necessário o confronto de teses e a busca obstinada pela verdade real para que se demonstre, e se condene, com a certeza cabal e livre de dúvidas, a única capaz de sedimentar a culpa criminal. A imprensa, a opinião pública, o coveiro, o verdureiro da esquina, o chatinho de plantão que acha tudo “absurdo”, esses que esperem a apuração dos fatos. Que guardem os tomates e vaias até o escrutínio da razão.
Aécio livre.

Aécio livre de medidas cautelares é decisão que prestigia a Constituição Federal e a independência entre os poderes. Certo ou errado, imoral ou não, se o jogo tem regras, essas regras devem ser respeitadas. Como político, Aécio é um moribundo. Cometeu o erro estúpido de confiar sua vida pública a um empresário inescrupuloso. Isso, contudo, não tira seu direito ao devido processo legal.

 

O Dito pelo Não dito.
“ O esporte é uma guerra sem armas”. (George Orwell, escritor inglês).

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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