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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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Ferocíssimas mulheres

ENTRETANTO

Mulheres se manifestando no seu dia internacional. Mulheres de greve. Mulheres reclamando de violência sexual e doméstica. Acho que é bonito e é direito de todas elas, mas acho também desnecessário e pouco prático. Explico. Gente, estamos no Século 21 e por nossa Constituição e pelas constituições de todos os países democráticos do mundo, ambos os gêneros são iguais em direitos e obrigações. Isso em média já há uns trinta ou quarenta anos. De lá para cá surgiram mulheres presidentes, ministras, juízas das cortes superiores e inferiores, médicas, dentistas, advogadas, cientistas com prêmio Nobel, cineastas oscarizadas, etc… E não estou falando somente daquelas que se destacam. Pululam mulheres no mercado de trabalho, em cargos de chefia, titulares de cátedras, executivas de multinacionais, e por aí afora… Ah! Dirão os apressados, mas as estatísticas demonstram… Danem-se as estatísticas, porque elas confundem a relação de causa e efeito com aquilo que os economistas chamam de concausa (leiam Freackanomiks). Mulheres a menos em grandes postos de trabalho, ou ganhando menos, em números absolutos, não querem necessariamente dizer que há discriminação de gênero, ou sexual, no mundo ou no Brasil. Libertas a menos tempo, elas ganharam asas recentes, só isso. Com o tempo dominarão o mundo. E sem precisar se defender como se fossem uma minoria socialmente vulneráveis. Muito antes pelo contrário, são o sexo forte porque só elas também podem ser mães, e aqui me lembro de um provérbio inglês: “a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo.”

Violência doméstica.
Já o problema da violência doméstica é patológico. É igual a tara, fetiche, sociopatia. Digo isso não como escritor, mas como magistrado. Nosso subdesenvolvimento machista latino-americano aguça defeitos dessa natureza, mas não explica sozinho porque ainda há maridos, companheiros e namorados que agridem mulheres. Para que se tenha uma idéia, falemos de um país super civilizado da Europa nórdica, a Suécia, daqueles em que a liberdade sexual é um dogma, uma bandeira. Pois por lá mais de quarenta por cento dos homens agridem suas caras metade, e estamos falando de uma sociedade justa com divisão igualitária de renda e educação de primeira qualidade. Para que se conheça os meandros da sociedade sueca e os problemas de suas famílias – aí, inclusive, e principalmente, a violência doméstica – recomendo o romance “Os homens que não amavam as mulheres”, de Stieg Larsson, que virou best seller mundial e uma superprodução cinematográfica, baseado parcialmente em eventos reais. Por aí se vê que existe, sim, uma patologia da violência, e que há pessoas doentes de ambos os gêneros que se satisfazem socialmente e mesmo sexualmente em submeter pessoas mais frágeis sob sua submissão a toda espécie de sofrimento. Há uma ignóbil e asquerosa sensação de poder nisso tudo que não tem origem na educação ou nas convenções sociais, mas sim na perversidade humana. Não é, portanto, porque mulheres sofrem violência doméstica mais assiduamente que seus homens, que se deva concluir por sua fragilidade ou vulnerabilidade social. As agressões domésticas ainda ocorrem em todo o mundo civilizado porque somos todos uns animais passíveis de erros, alguns deles sinistros, e porque o aparato repressor estatal (polícia, juízes, etc…) não protege aos seus cidadãos com o necessário desembaraço e rapidez.

Carne Fraca.
Talvez agora aprendamos a não criar estardalhaço sobre investigações policiais ainda em andamento. A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, visava a prisão de fiscais corruptos do Ministério da Agricultura e permaneceu monitorando ligações telefônicas e investigando conexões entre esses servidores públicos e grandes empresários de frigoríficos que supostamente lhes pagavam propina para serem aliviados pela fiscalização. Vieram à pública conversas, trechos de diálogos, peças do inquérito, e isso bastou para se generalizar os perigos que rondam a produção de nossa carne industrializada e seus derivados, a mistura perigosa de ácidos e resquícios asquerosos de carcaças aos embutidos que servimos à mesa de nossas crianças. É claro que isso chegou rapidamente ao conhecimento do mercado internacional que nos comprava carne e que parou de fazê-lo, dado o inoportuno questionamento da qualidade do nosso produto exportável. Perdemos dinheiro, e muito, isso em uma época de forte crise econômica em que já há poucos empregos a disposição na nossa indústria. Com o Estado quebrado, haveremos de arrecadar bem menos impostos por conta disso. E tudo, por quê? Trechos seletivos de conversas vazados indiscretamente por uma mídia sensacionalista ao extremo, ávida por escândalos, e policiais federais que não compreenderam o óbvio: a investigação visava prender corruptos e corruptores e não questionar os alimentos que produzimos. Para isso, bem ou mal, há especialistas no assunto e que deveriam ter sido consultados ao longo do inquérito e antes de medidas mais drásticas, públicas, escandalosas, que põem em risco nossa economia. Quando é para defenestrar político, muitos acham bom o escândalo. Quando dói na nossa própria carne (literalmente), aí aprendemos que fatos ainda sob investigação devem ser tratados pela mídia com muito, muitíssimo, cuidado.

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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