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RENATO ZUPO

Magistrado • Escritor • Palestrante

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Brincando de juiz

ENTRETANTO

A CPI da Covid, ou da pandemia, é uma comédia de erros, dentre as centenas de CPIS paridas anualmente pelos parlamentos brasileiros, sempre sem nenhuma utilidade prática, quase sempre acabando em pizza e servindo como palanque político antecipado para deputados e senadores brincarem de juízes. A CPI formada para questionar o trato do governo federal com a pandemia visa, também, enfraquecer Bolsonaro para a reeleição, como feito com Trump dois anos atrás em um procedimento de impeachment também absurdo e que só serviu para debilitar a recandidatura do então presidente norte-americano.

Jacarezinho e Santa Catarina.
Duas tragédias. Duas leituras. A “chacina” do Jacarezinho só é chacina na cabeça de formadores de opinião irresponsáveis. Foi uma operação policial legitimada pela justiça que mandou prender traficantes do famoso morro carioca e os caras receberam a polícia a tiros – não queriam flores como resposta, não é mesmo? Políticos que digam o contrário fomentam na opinião pública a falsa impressão de que todo bandido é santo e todo policial é um brutamontes sem emoção. Isso é bandidolatria, é mais do que vitimizar marginais, é colocá-los em pedestal de santo. Ora, meu Deus, os caras anunciavam a prática de crimes violentos e tráfico por redes sociais e se tivessem se entregado ninguém teria morrido. Quanto à Santa Catarina, tragédia bárbara, espero que não venham depois me dizer que o seu autor é doido e que vai ser internado e não punido, como fizeram com o Adélio – o conceito de “loucura” à luz do Direito Penal, tem a ver com a imputabilidade, a capacidade de distinguir o certo do errado e de agir conforme esta distinção. Se o sujeito sabe o que é certo e o que é errado, não é “doido”, é imputável (portanto) e deve ser punido.

Lockdown escolar.
A mesma Fiocruz que nos ajuda na fabricação de vacinas também relata que a transmissão do vírus da Covid através de crianças e adolescentes é irrisória e que estes jovens tem penado e sofrido perdas irrecuperáveis com o Lockdown escolar, há mais de um ano sem aulas presenciais. Realmente, descobriram o ovo do Colombo que sempre falei aqui e vou repetir: as escolas são o centro da vida social, das amizades, vaidades, humores e amores de nossos filhos e netos. Privá-los deste convívio é privá-los de autoestima e da capacidade de compartilhamento de emoções e sentimentos, causando danos que jamais serão remediados. Volta às aulas já, Brasil, para o bem de nossos jovens! E o governo não pode proibir escola de funcionar.

Porrada pra todo lado.
Na Internet estou apanhando dos dois lados. Um estudante de direito bastante inteligente reconhece no meu discurso tendências que aponta como conservadoras, com argumentos que não concordo, mas respeito. O mesmo texto, no entanto, levou outros internautas, menos educados e cultos, a me chamarem de “comunista lixo”, dentre outras bravatas. Já ouvi dizer que é impossível agradar todo mundo, que nem Jesus conseguiu isso, mas desagradar os dois lados do binário polarizado esquerda-direita para mim foi uma novidade. Sobretudo porque conheço nosso presidente e o considero um sujeito bem intencionado, mas nem por isto deixo de apontar aqui os seus erros porque este espaço existe para divulgar verdades empíricas à luz do Direito, não para panfletagem política.

Política e ideologia.
Há uma confusão generalizada implantada por maus livros e por educação deficiente, sobretudo universitária, e faz com que muita gente bem intencionada e presumivelmente culta não entenda, por exemplo, que eu me diga “apolítico” e ao mesmo tempo critique ideologias. Bem, o termo “política” nasce da participação popular no funcionamento do Estado, que é a sociedade politicamente organizada. Assim, todos somos (de fato) políticos. Todavia, quando se diz que alguém é “apolítico” se está dizendo que a pessoa não possui ideologia político-partidária e que, portanto, seu pensamento e seu comportamento não cabem em rotulagens pré-determinadas. E, para isto, é necessário entender bem que não há ideologia boa e ruim, seja o conservadorismo ou o marxismo. Todas as ideologias são distorções da realidade e devem ser encaradas e criticadas desta forma.

Cuba, nazistas e idiotas.
Sabia que ia mexer em um vespeiro quando falasse de Che Guevara, para muitos até hoje um messias político. Porém, na época da revolução cubana não havia guerra que justificasse a execução de adversários daquele regime revolucionário, que Guevara praticava com confessado orgulho. Também fui criticado por comparar o nazismo ao comunismo, mas o que disse (e repito) é que a origem de ambos os movimentos é idêntica, vieram do proletariado e visavam estatizar os meios de produção e distribuir riqueza à custa da dissolução da sociedade político-democrática. Mesmo assim, há idiotas que me consideram “comunista” simplesmente porque não concordo com tudo aquilo que nosso presidente Bolsonaro fez e faz. Os radicais de esquerda ou direita são todos eles uns chatos. A perfeição está na moderação e no equilíbrio, sempre.

O dito pelo não dito.
“Raspai o juiz: encontrareis o carrasco”. (Victor Hugo, escritor francês).

Renato Zupo
Magistrado e Escritor

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