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RENATO ZUPO
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Zeca Camargo apanhou um bocado ao questionar predileções musicais – fazendo parecer que está só em suas críticas. O defendi aqui mesmo nessa coluna, pelo fundamento do que disse e pelo direito de dizer o que pensa – ainda que com isso provoque a ira silenciosa ou ruidosa dos adoradores de camaros amarelos e gingados rurais. Minhas humildes palavras geraram uma profusão de mensagens de pessoas que se solidarizaram na repulsa aos novos ritmos que avultam na TV e nos shows. Gente de todas as classes sociais e cansada da repetição dos mesmos estilos musicais divulgados por gravadoras e repetidos à exaustão pelas mídias. A este respeito, um amigo me recomendou o blog de Régis Tadeu, crítico musical, músico, arranjador. Vejam bem, é a área do cara, ele é músico, vive disso, e não só concorda comigo, mas ainda é mais duro em suas opiniões. Afirma, dentre outras coisas, que o funk e o sertanejo universitário encontraram seu público perfeito em boa parcela da juventude brasileira atual, formada por pessoas afoitas por emoções rápidas e desinteressadas em questionamentos mais poéticos e profundos, digamos assim, para suavizar a coisa. Ele não suaviza e vai além. Quem quiser conferir, vale a pena: o cara é blogueiro do bem e do Yahoo, e o nome do texto é \”a burrice reinante na música brasileira\”. Irônico que o Régis também seja jurado do programa de auditório do Raul Gil – sinal de que mesmo dentro do popular há limites para a escatologia.

Limites da informação.
A discussão entre blogueiros, sertanejo universitário, Zeca Camargo e campanhas virulentas pró e contra esta ou aquela opinião, campeiam pela mídia e acendem uma antiga indagação. Na verdade, é quase uma ferida aberta e dolorida que se refere ao direito à livre manifestação do pensamento e seus limites. Com a internet, a coisa ficou séria porque todo mundo, burro ou inteligente, bem ou mal intencionado, certo ou errado, pode se manifestar como bem entender – e isso alcança muitas vezes a honra e o bom nome das pessoas. Até que ponto podemos livremente nos manifestar? A legislação brasileira, mesmo através da rota e diluída Lei de Imprensa, quase em desuso, e mesmo através da Constituição Federal, protegem a livre manifestação de pensamento e fazem mais: proíbem a censura prévia. Ou seja, o cidadão pode, mesmo, manifestar-se como bem entender, como uma extensão de seu livre arbítrio e de seus direitos de personalidade que encampam obviamente seu pensamento. Isso não quer dizer, contudo, que estejamos diante de um direito absoluto e insuperável, porque num estado democrático há sempre ponderações e contrapesos. As rédeas à liberdade de expressar-se residem na punição ao abuso desse direito: como na vida, tudo que é demais faz mal. Como na vida, prevalece o bom senso e o seu direito termina onde começa o do outro. Portanto, aquele que se expressa livremente responde pelos exageros que porventura ofendam a terceiros. Acho que é o justo. Fale o que quiser, mas prepare-se para as conseqüências disso.

Galvão Bueno.
Lendo a biografia de Galvão Bueno pude constatar que nem mesmo quem está no auge da fama e da fortuna e no pico da pirâmide social pode se sentir blindado do bullying cibernético e da difamação virtual. Ele conta que no início das transmissões da última Copa do Mundo lançaram na internet a campanha viral do \”Cala a boca Galvão\”, o que alcançou em cheio o sucesso das transmissões e o deixou sem dormir e aborrecido por alguns dias, até que resolveu troçar com a gozação e reverter o quadro. Mesmo assim, conta, passou por maus bocados. Um brasileiro inteligentíssimo como ele deveria saber que somos o único povo do mundo que joga tomates podres nos seus ídolos, fala mal de conterrâneos de sucesso e em geral despreza os famosos e bem sucedidos nacionais. Em qualquer outro país do mundo gente como Galvão, Xuxa, Pelé, Paulo Coelho, seriam fenômenos de aceitação popular. Por aqui falam que são chatos, questionam-lhes a vida sexual e o caráter e coisa muito pior, o que só é aguçado pela rede mundial de computadores. Como disse o próprio Galvão em sua biografia: \”A melhor coisa na internet é que todo mundo passou a ter a oportunidade de divulgar sua opinião. E a pior coisa na internet é que todo mundo passou a ter a oportunidade de divulgar sua opinião.\”

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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