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RENATO ZUPO
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Muçulmanos e Impeachment

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Receita de Impeachment.
Como chefes do Poder Executivo podem perdem o poder, ou dele serem afastados? Eis a receita: entre em polêmicas desnecessárias, sobre aborto, gays, religião, enfim, nessas discussões que nunca levam a lugar algum. Assim você se desgasta inutilmente, como Bolsonaro. Isole-se, não dê ouvidos ao Parlamento, demonstre infalibilidade e empáfia, deixando bem claro que é melhor do que outros governantes políticos. Assim você ganha um monte de inimigos em potencial, como Dilma. Volte atrás em suas decisões quando elas sejam execradas pela opinião pública ou pela oposição. Apunhale pelas costas apoiadores e amigos com medo de ser malquisto pela mídia – assim você a um só tempo demonstra fraqueza e se esquece que forma opinião, e não que é formado por ela. João Goulart fez assim. Ah! E quando cair – porque irá cair inexoravelmente – ponha a culpa em inimigos ocultos ou forças do mal inomináveis, e não em ti mesmo, como Collor e Jânio fizeram.

Eco e o Taxista.
Umberto Eco tinha a mania de prosear com taxistas nas inúmeras viagens que fazia pelo mundo para palestrar sobre seus livros e estudos Adorava Nova York e seus taxistas, em especial porque por lá os motoristas de taxi são de todas as etnias do mundo, quase nunca americanos. Ele narra em particular uma corrida que pegou com um taxista paquistanês. Quando o condutor soube que o passageiro era da Itália, lançou a pergunta repentina e inesperada: “Contra quem vocês lutam por lá? Quem são seus inimigos?” Típico de alguém que pertence a uma etnia que vive em guerra, um hábito agravado pelo fato do cidadão ser imigrante nos Estados Unidos –também em conflito com outros países há um século, somente variando seus adversários. Eco respondeu, sobre a Itália, algo que (infelizmente) também vale para o Brasil. Que não dependemos de inimigos externos, fazemos guerra entre nós, direita contra esquerda, nos perdemos em lutas sociais e até étnicas, conflitos religiosos e ideológicos. E, no caso do Brasil, ainda temos o desplante contemporâneo de dizer que somos um país pacífico. Não mais, e é lamentável. Vivemos em guerra interna, intestina, desnecessária.

Sri Lanka.
Culpar os muçulmanos pelo terrorismo mundial é demonstração cabal de ignorância quanto ao Islã e o Corão, a bíblia do povo de Maomé. É o mesmo que culpar a Igreja Católica pelos padres pouco virtuosos, ou o Protestantismo por pastores evangélicos desonestos, ou o Espiritismo porque há médiuns charlatães. Enfim, você entendeu. Há desvios em todos os lugares, credos, religiões. No caso do Islã, o Corão não prega o ódio e milhões de muçulmanos do mundo são intensamente pacifistas e não tem culpa da existência de umas dezenas de malucos fundamentalistas que, a rigor, poderiam existir em qualquer outra religião. O atentado do Sri Lanka, como outros pelo mundo, foi movido pela ignorância e não pelo Corão do Islã. A doutrina muçulmana acompanha as religiões judaico-cristãs por todo o velho testamento e o Alá islâmico é o mesmo Jeová da Bíblia católica. Portanto, não há divergências tão graves e brutais entre muçulmanos e cristãos que justifique tamanho banho de sangue.

Corão e Burca.
Temos a mania de dizer que conhecemos algo, mas sem separar o fato do fake. A burca muçulmana, por exemplo, não é de modo algum ordenada pelo Corão nos termos em que é usada por muitas das mulheres islâmicas. O que o Livro de Maomé recomenda enfaticamente é que as mulheres cubram com o véu seu colo, seu seio, dos olhares pecaminosos de quem não seja seu parente ou marido. Em nenhum lugar da bíblia muçulmana se diz que a Burca deve tapar o rosto ou os cabelos. Isso é uma tradição. Não regra religiosa.

Fundamentalistas.
Os exemplos de terroristas de etnia árabe são mais frequentes porque no oriente médio há menos educação formal, os abismos sociais são mais gritantes e não se investe na integração entre as religiões e os povos. No caldo étnico e cultural que o mundo civilizado vive, a única maneira de conviver é conhecer e respeitar as tradições e religiões alheias. Só assim se escapa do fundamentalismo da fé cega, que expurga a moralidade distorcendo o credo religioso. Quem lê só um livro, seja ele a Bíblia ou o Corão, geralmente não entende o que lê.

 

Renato Zupo,
Magistrado e Escritor

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