Também se chama alteridade aquele comportamento que leva em contas as ações e reações, anseios e angústias, das pessoas à nossa volta. O psicopata não tem alteridade, tão importante nas relações privadas e profissionais. Condicionou-se chamar de “tolerância” aquilo que, na verdade, nada mais é do que considerar os outros na mesma proporção de nós mesmos – aliás, um ensinamento bíblico. Norberto Bobbio tinha repúdio da tolerância, que considerava reducionista. Dizia ele que se tolera o que é menor, menos importante, defeituoso. Devemos é ter respeito pelos iguais e desiguais ao longo da vida. Vejo com tristeza inúmeras pessoas públicas espumando ódio e sendo ofensivas com aqueles que exprimem opiniões discordantes e já falei muito disso aqui: não há democracia parcial, que só respeita àqueles que seguem os mesmos ideais. A liberdade reside justamente em pensar diferente sem ser punido de qualquer maneira por isso. Vimos muitas condutas asquerosas nas eleições, ligadas aos que se dizem democráticos e progressistas, defensores do mundo livre contra a ditadura, mas que, apeados do poder ou ameaçados de sê-lo, tentam amordaçar ou desprestigiar com mentiras aos adversários políticos ou de pensamento e ideologia.
Quando a pessoa se torna pública, o que ela diz pode ser imitado, repudiado ou ridicularizado. Por isso, quem adquire alguma proeminência social ou profissional vai se preparando ao longo do tempo para se expressar bem e gerar bons exemplos. É o lógico, porque a árvore mais alta também é aquela que mais sofre com a força dos ventos – a imagem é de Niezsche. Em bom caipirês, quanto maior a árvore, maior a queda. Portanto, é preciso tomar cuidado com ações e atitudes quando se está no topo. Nunca estive por lá, mas acredito que nossas responsabilidades só aumentam conforme adquirimos proeminência, poder, cifrões ou cabelos brancos. O problema dos dias atuais é que esse destaque social, essa importância perante a opinião pública, está acessível a qualquer cabeça de bagre adepto de redes sociais. Com a rede mundial de computadores e os aplicativos de mensagem, todos viralisamos. Qualquer um é ouvido e cria os boatos e dilui as opiniões que quiser, sem qualquer responsabilidade ou juízo. Todos têm vez e voz, o que seria bom se tivéssemos também, cultura e educação.
O dito pelo não dito.“Sexo é o único esporte que não é cancelado quando falta luz.” (Lawrence J. Peter, educador canadense).
Magistrado e Escritor